Quântica com Experimentos: LEDs são Quânticos

por Alfredo Mateus

Este é mais um artigo  da série onde mostramos como foi a montagem da mostra interativa de experimentos “Química, Quântica e Sociedade”, criada para comemorar o Ano Internacional das Ciências e Tecnologias Quânticas. A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu 2025 como o ano para se celebrar os avanços científicos e tecnológicos decorrentes do estudo da mecânica quântica . A mostra foi financiada pelo CNPq

Vamos descrever como apresentamos o funcionamento dos LEDs – os diodos emissores de luz.  Esta é uma tecnologia muito importante e que permitiu inúmeros avanços na produção de aparelhos e dispositivos de iluminação que consomem menos energia.

Prepare o experimento

Queremos mostrar dois aspectos do funcionamentos dos LEDs. Primeiro que existem LEDs de diferentes cores e estes LEDs emitem apenas uma cor. Vamos mostrar isso com uma caixa, em cuja tampa nós vamos montar um LED de cada cor, indo do infravermelho até o ultravioleta.

Em segundo lugar, queremos mostrar que essa emissão de luz vem de saltos de elétrons que estão passando de um nível de energia para outro, na fronteira entre dois tipos de semi-condutores. A luz emitida depende da diferença de energia entre estes níveis. Vamos mostrar isso com uma analogia mecânica, usando rampas de diferentes alturas. Uma bolinha cai na rampa e acende um LED cuja cor corresponde à altura relativa das rampas. Assim, uma rampa mais baixa leva a uma LED vermelho (luz de menor energia), enquanto que a rampa mais alta acende um LED azul (luz de maior energia).

Caixa de LEDs

A caixa foi feita usando a impressão 3D e um modelo gratuito encontrado na Internet. Modelamos diversos furos, que foram distribuídos na tampa da caixa. Também modificamos o modelo da parte inferior para permitir a passagem do cabo de um carregador USB. 

Colocamos um interruptor de luminária no cabo USB do carregador. Além disso, para cada LED, usamos um resistor apropriado, levando em conta a voltagem do cabo USB (5 volts). 

Rampas e LEDs

Fizemos 3 rampas usando a impressão 3D e adaptando um modelo gratuito encontrado na Internet. As rampas foram impressas em plástico PLA nas cores vermelho, verde e azul.  Modificamos o modelo original, de modo que cada rampa tivesse uma altura diferente na qual a bolinha seria solta. A  rampa vermelha possui a menor altura, a rampa verde possui altura intermediária e a rampa azul é a mais alta. 

Além das rampas, fizemos uma baseusando chapas de MDF e corte a laser. Essa base foi feita na forma de uma caixa. As rampas são fixadas na tampa da caixa. Na frente do final de cada rampa, colocamos um furo e adaptamos uma peça na qual a bolinha irá cair. Colocamos um obstáculo na frente do furo, de modo que a bolinha bata no obstáculo, perca velocidade e caia no furo. 

Colocamos um sensor em cada um dos coletores das bolinhas, que irá acender um LED quando a bolinha cai. Para isso, usamos um sensor magnético e bolinhas que contém um ímã. Quando a bolinha cai no coletor, o sensor percebe a presnça de um campo magnético e acende o LED. 

Modelo de ondas para a luz

Usamos um modelo feito com impressão 3D para mostrar que cada cor presente na luz visível pode ser vista como uma onda, com um comprimento de onda característico. Assim, a luz emitida pelo LED vermelho possui um comprimento de onda diferente da emitida pelo LED verde ou azul. O comprimento de onda da luz vermelha é maior que o da luz verde, que por sua vez é maior que o da luz azul.

O modelo está disponível gratuitamente na Internet e foi impresso uma cor de cada vez. As peças coloridas foram depois coladas na base preta. Baixe o modelo aqui:

https://makerworld.com/en/models/951226-light-model

 

Use o experimento na sua aula (ou mostra)

Chame a atenção para a cor dos materiais enquanto expostos à luz branca da sala e compare com o que acontece quando estes são expostos à radiação ultravioleta. 

Na mostra, chamamos a atenção para a caixa com os diversos LEDs coloridos, dando destaque ao LED infravermelho, que só pode ser visto aceso usando a câmera de um celular, já que a radiação no infravermelho é invisível. 

Em seguida mostramos que cada cor da luz emitida possui um comprimento de onda diferente, e portanto, uma energia diferente. Assim, cada LED funciona com uma voltagem diferente, sendo que um LED vermelho usa uma voltagem mais baixa que o LED azul. 

Isso é relacionado com os saltos dos elétrons, e mostramos as bolinhas nas rampas, chamando a atenção para as alturas diferentes para cada cor.  

O que acontece

Quando aplicamos uma voltagem suficiente nos polos de um LED, ele emite luz. A luz vem de um pequeno pedaço de material semicondutor no interior do LED, que está encapsulado em plástico. LED é uma sigla em inglês – Light Emmiting Diode – ou diodo emissor de luz. Diodos são componentes eletrônicos que só permitem a passagem de uma corrente elétrica em um sentido. LEDs são diodos especiais, que além de fazer com que a corrente só tenha uma direção, emitem luz visível.

LEDs tem dois polos e temos de conectá-los em um circuito seguindo a orientação correta, ou seja, ao ligar em uma bateria ou pilha, o polo positivo do LED tem de estar ligado ao polo positivo da pilha, bem como o polo negativo do LED com o polo negativo da pilha. Mas devemos tomar cuidado ao ligar o LED a uma fonte de energia elétrica, pois devemos limitar a corrente que passa pelo LED. Caso contrário, corremos o risco de queimar o LED. Fazemos isso colocando um resistor no circuito, o que limita a corrente. 

Quando temos LEDs de cores diferentes, precisamos usar a voltagem correta. Podemos reparar que quanto maior é a energia da luz emitida, maior será a voltagem que temos de usar no LED. Assim, um LED azul usa uma voltagem maior que um LED vermelho. Quando montamos nossa caixa com LEDs de diferentes cores, todos ligados a um carregador de celular USB, todos eles estavam ligados em paralelo a uma fonte com 5 volts. Para ajustar a corrente passando em cada LED, usamos um resistor diferente em cada caso.

Mas como o LED emite luz? Dento do LED existe um conjunto com duas camadas de materiais semicondutores. Uma camada está ligada no polo positivo e a outra ao negativo. Uma destas camadas é de um semicondutor de tipo P, enquanto que a outra é composta de um semicondutor de tipo N. A região onde estes dois semicondutores se encontram é chamada de junção P-N. Podemos descrever o semicondutor de tipo P como sendo deficiente em elétrons. Isso acontece porque ele possui elementos com um número menor de elétrons na sua última camada que os seus vizinhos, e assim, ficam “buracos” nas ligações covalentes. Já semicondutores de tipo N possuem um excesso de elétrons, já que possuem elementos com um número maior de elétrons na sua última camada. 

Um exemplo de semicondutor é o silício. O silício possui 4 elétrons na sua última camada e assim, átomos de silício fazem 4 ligações com outros átomos de silício vizinhos. Se incluirmos na estrutura do silício puro um átomo de boro, por exemplo, este possui apenas 3 elétrons na sua última camada. Dá para perceber que ele só consegue fazer 3 ligações e que aparece um buraco na estrutura. Já um cristal de silício com impurezas de fósforo, por exemplo, teria um elétron a mais, pois o fósforo possui 5 elétrons na sua última camada. 

Quando passamos uma corrente elétrica pelo circuito, os elétrons a mais do semicondutor N combinam com os buracos do semicondutor P na junção P-N, mas para isso, eles precisam perder energia. Este processo emite energia na forma de luz. Essa energia vai depender da diferença de energia dos elétrons que estão na banda de condução do semicondutor P e a banda de valência do semicondutor N. Se a diferença de energia for pequena, o LED pode emitir radiação no infravermelho, ou luz vermelha. Aumentando essa diferença, temos LEDs de várias cores, até chegarmos em LEDs azuis ou violetas. 

Nós demonstramos como essa separação entre as bandas de energia dos semicondutores leva a diferente cores usando as rampas de diferentes alturas. 

Finalmentes

Veja toda a série de montagens criadas para a mostra do Ano Internacional das Ciências e Tecnologias Quânticas aqui: https://www.xciencia.org/2025/06/20/quantica-com-experimentos-mostra-interativa-no-ano-internacional-das-ciencias-quanticas/.

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